sábado, 4 de outubro de 2014

1ª Postagem: Aspectos gerais sobre a cirrose

Para introduzir o nosso blog, começaremos a falar sobre cirrose hepática. A cirrose hepática, caracterizada pela substituição difusa da estrutura hepática normal por nódulos de estrutura anormal circundados por fibrose, é o estádio final comum de uma série de processos patológicos hepáticos de diversas causas, como o etilismo, as hepatites crônicas virais (HVC) e auto-imunes, doenças genéticas (por exemplo, Doença de Wilson), lesão hepática induzida por drogas e toxinas, além daquelas de ordem metabólica, vascular ou biliar (como a cirrose biliar primária).


O fígado, estrutura primordialmente afetada pela patologia supracitada, desempenha funções extremamente importantes no que se refere à produção, armazenamento, biotransformação e excreção de uma variedade de substâncias envolvidas no metabolismo. Dentre elas, destacam-se: regulação da concentração sangüínea de glicose, conversão de amônia (substância tóxica ao organismo) em uréia, síntese de vitaminas e proteínas plasmáticas, secreção de bile que atua na digestão das gorduras, entre outras. Portanto, os distúrbios hepáticos geram conseqüências desastrosas para o organismo como um todo.
A evolução do paciente cirrótico é insidiosa, geralmente assintomática ou marcada por sintomas inespecíficos (anorexia, perda de peso, fraqueza, osteoporose e outros) até fases avançadas da doença, dificultando o diagnóstico precoce. A maioria das mortes por cirrose é conseqüente a insuficiência hepatocelular, complicações decorrentes da hipertensão portal ou desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC).São freqüentes sinais e sintomas como: icterícia, varizes esofágicas, gástricas e hemorroidais, edema, a alteração do metabolismo de estrogênios, a coagulopatia, encefalopatia hepática (síndrome que provoca alterações cerebrais provocadas pelo mau funcionamento do fígado) e deficiências nutricionais. Os achados laboratoriais indicam elevação dos níveis séricos das transaminases hepáticas (AST e ALT), bilirrubina, níveis reduzidos de albumina (hipoalbuminemia). 
Cirrose é um processo patológico irreversível que pode ser fatal. Portanto, é importante fazer o diagnóstico precoce para iniciar o mais depressa possível o tratamento que pode adiar ou evitar que surjam complicações mais graves. Não existe tratamento capaz de debelar a doença, portanto a meta consiste em deter a progressão da mesma e prevenir o desenvolvimento de possíveis complicações. As mudanças nos hábitos alimentares e a abolição do álcool são fundamentais. A terapêutica está voltada para a melhora do estado nutricional através de suplementos nutricionais, vitaminas e alimentos hiperprotéicos (exceto na presença de encefalopatia hepática). Alguns medicamentos como diuréticos, antiácidos e antibióticos são utilizados.Para casos mais graves, o transplante de fígado pode ser a única solução para a cura definitiva da doença.

Referência:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442005000100008&lng=pt&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672007000300020&script=sci_arttext
http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/alcoolismo/cirrose/

7 comentários:

  1. É interessante como se acha os níveis séricos de AST ALT, transaminase intracelulares. Quando a célula morre pela cicatrização do figado (cirrose) despejam seus elementos intracelulares no sangue, devido sua lise, inclusive suas enzimas, que podem ser detectadas por exames bioquímicos. Interessante também a hipoalbuminemia, que antes de ser detectada por meio de um exame, pode ser por anamnese do paciente, que indicará acumulo de líquidos no abdome, devido a perda de osmolaridade do sangue.

    ResponderExcluir
  2. É importante também frisar que a cirrose não é a única doença que afeta o fígado decorrente do abuso no consumo de bebidas alcoólicas, a esteatose e a hepatite alcoólica também se encaixam nesse perfil. A esteatose ocorre sempre em bebedores habituais, caracterizando –se pelo fato das células do fígado passarem a estar cheias de gordura e do fígado ficar sensível a outros tóxicos, sendo que a manutenção do consumo promove a evolução para as fases seguintes. Já a hepatite alcoólica é caracterizada por uma inflamação que, se for ligeira, pode não causar sintomas, mas as formas mais graves condicionam sintomas, por vezes exuberantes, e podem mesmo levar à morte por falência do fígado.

    ResponderExcluir
  3. O fígado é o processador do nosso corpo, daí a importância dele para o bom funcionamento do organismo e para a nossa vida. Assim como exposto na postagem ele é responsável pelo processamento de praticamente tudo que ingerimos de forma que o restante do organismo possa aproveitar as substancias ingeridas e "processadas" por ele. Devido a isso, os exames de detecção da função hepática através da verificação das enzimas hepáticas nos fluidos corporais são de grande valia no diagnóstico de problemas no fígado, a exemplo do AST e ALT já citados no post. Vale lembrar que a cirrose não é um evento abrupto, mas sim uma consequência de pequenas lesões no fígado que depois de um tempo comprometem toda a sua função. É o que acontece com alcoólatras, por exemplo, que cada vez que ingerem álcool fibrosam uma pequena parte do fígado, mas depois de um tempo cada pequena parte juntas acabam por comprometer a função hepática como um todo.

    ResponderExcluir
  4. Como foi apresentado na postagem, um dos meios de se desenvolver cirrose é decorrente de doenças auto-imunes, vale aqui ressaltar como isso ocorre. A hepatite auto imune é doença em que as células de defesa atacam os hepatócitos, desencadeando um processo inflamatório, com destruição progressiva do fígado. Por fim, começa a ocorrer fibrose dos tecidos e acarretando o surgimento da cirrose. Ela é uma doença muito rara, acometendo entre 10 e 17 pessoas a cada 100.000. O tratamento consiste em supressão do sistema imunológico, antes desse tratamento, 40% dos pacientes viviam em torno de 6 meses. Em alguns casos o transplante é necessário.

    Referência:
    http://www.hepcentro.com.br/hepatite_autoimune.htm

    ResponderExcluir
  5. Achei muito interessante o fato de a postagem mostrar que a cirrose é uma condição que tem potencial fatal, mas logo em seguida citar medidas extremamente simples que podem evitar que essa condição se instale no organismo, como a adoção de uma dieta saudável e a restrição do consumo de álcool. A postagem cita ainda o papel do fígado da produção de vitaminas. Esse órgão é também fundamental para o armazenamento dessas vitaminas. A vitamina K tem seu principal estoque nesse órgão. As lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K), ou seja, as solúveis em gordura, precisam de ajuda dos sais biliares produzidos pelo fígado para poderem ser absorvidas pelo intestino.

    ResponderExcluir
  6. Importante ressaltar que, muitas vezes, quando uma pessoa chega a desenvolver cirrose apresentando sintomas característicos da perda parcial da função do fígado os profissionais da saúde pensam inicialmente em algum caso de hepatite B ou C, mas isso pode ser uma estimativa equivocada. Existem muitas doenças que atacam o fígado que ocasionam sintomas parecidos. A diferença entre elas é a gravidade e a velocidade com que deterioram o fígado, por isso a procura diagnóstica da causa deve ser mais amplia e não se limitar as tradicionais hepatites virais. As principais doenças que destroem o fígado incluem: Síndrome de Alagille, doença hepática relacionada ao álcool, Alfa-1 antitripsina (AAT), hemocromatose, câncer de fígado, doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), etc.

    ResponderExcluir
  7. Dentre as causas não-alcoolicas da cirrose, podemos citar a esteatose hepatica, também conhecida como gordura no fígado. Esta doença é facilmente contraida e, devido à sua intima relação com a obesidade e diabetes (também são reconhecidos o uso excessivo de corticoides e ma nutrição), tem crescido exponensialmente em número de casos. Com o acumulo de gordura nos hepatócitos, essa doença pode rapidamente evoluir para uma hepatite, e em seguida para uma cirrose (caso crítico).

    ResponderExcluir