segunda-feira, 3 de novembro de 2014

6ª Postagem: Ascite em pacientes cirróticos


Nessa postagem falaremos sobre ascite, a mais comum das complicações da cirrose, ocorrendo em mais de 50% dos pacientes com 10 anos de diagnóstico da doença. Trata-se de um importante marcador prognóstico no paciente cirrótico, uma vez que sinaliza que a doença está avançada e está relacionada ao aparecimento de outras complicações da cirrose. Cerca de 50% dos pacientes que desenvolvem ascite morrem em 2 anos.
Também conhecida como "barriga d´água" ou hidroperitônio é o nome dado ao acúmulo de líquido no interior do abdome. Esse líquido pode ter diversas composições, como linfa, bile, suco pancreático, urina. Mas, no contexto de doença do fígado com hipertensão portal (cirrose, esquistossomose, Síndrome de Budd-Chiari e outras), a ascite é o extravasamento do plasma sanguíneo para o interior da cavidade abdominal, principalmente através do peritônio, provocado por uma somatória de fatores.


Paciente com ascite severa.

Classificação:

- Grau 1: ascite leve, detectável apenas ao exame ultra-sonográfico.
- Grau 2: ascite moderada, caracterizada pela distensão moderada e simétrica do abdome.
- Grau 3: distensão abdominal importante.

Fisiopatologia da doença

Com o aumento da resistência ao fluxo de sangue através do fígado (pela desorganização estrutural e/ou contração dos sinusóides na doença hepática), há um aumento na pressão em todas as veias que confluem na veia porta (sistema porta hepático). Essas veias, que provém da maioria dos órgãos do abdome, tornam-se dilatadas (pela pressão interna aumentada e pela ação de vasodilatadores), levando ao extravasamento de um líquido filtrado do sangue que "escapa" dos vasos. O órgão que é responsável pela maior parte da produção do líquido ascítico é o peritônio, uma membrana que reveste a parte interior do abdome e alguns dos seus órgãos e que é permeável, tanto ao extravasamento de líquido para a formação da ascite, quanto à absorção do líquido durante o tratamento.
Além disso, na cirrose, a quantidade de albumina pode estar reduzida (hipoalbuminemia) por dois motivos principais: a desnutrição, que é comum na cirrose avançada, ou a falência na produção da albumina, que é realizada exclusivamente no fígado, que está comprometido. Sem a quantidade adequada de albumina, a pressão oncótica nos vasos sangüíneos diminui, o que torna mais "fácil" o extravasamento do plasma que está sendo "empurrado" pelo aumento na pressão do sistema porta.

Paracentese e análise do líquido ascítico

Paracentese é um procedimento médico que envolve a punção de fluido da cavidade peritoneal no abdômen. Importante no diagnóstico da causa da ascite como também na exclusão da peritonite bacteriana espontânea (PBE). As complicações da paracentese são raras e ela deve ser evitada apenas nos casos de fibrinólise ou coagulação intravascular disseminada clinicamente evidentes. Pacientes pIaquetopênicos (< 50.000/mm3) devem ser avaliados caso a caso, sendo prudente a correção com concentrado de plaquetas nos pacientes de maior risco para sangramento.

Referências
http://www.hepcentro.com.br/ascite.htm 
http://www.psiquiatriageral.com.br/farma/paciente_cirrotico.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paracentese

8 comentários:

  1. Como explicado na postagem, ascite em portador de hepatopatia crônica e hipertensão portal é uma das mais comuns formas de apresentação da cirrose hepática. Quanto ao tratamento, pacientes que apresentam ascite pela primeira vez, como consequência de descompensação hepática, devem ser tratados exclusivamente com restrição salina e repouso, principalmente se a excreção urinária de sódio estiver acima de 80 mEq/dia, com regressão do quadro na grande maioria dos casos. A dieta assódica é preparada sem adição de sal e com exclusão de alimentos ricos em sódio (enlatados, conservas, refrigerantes, massas). A quantidade de sódio total da dieta deve estar entre 20 e 40 mEq/dia. Permite-se adição de 2 g de sal de cozinha ao alimento (contém 80 mEq de sódio), após a preparação.

    Fonte: http://www.doencasdofigado.com.br/cirrose_10.html

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  2. A cirrose é a causa de ascite em cerca de 85% dos casos. Desse modo, sua presença é bastante sugestiva do diagnóstico de cirrose. O diagnóstico de ascite tem sido complicado recentemente pela grande epidemia de obesidade no mundo. A sensibilidade do exame físico para detecção de ascite é relativamente baixa, variando entre 50 e 94%, com especificidade variando entre 30 e 80%. Ao exame, o achado de maior sensibilidade para o diagnóstico da presença de ascite é a presença de macicez nos flancos, que consegue detectar ascite de 1,5 litros. Na ausência de macicez nos flancos, não parece útil pesquisar outros sinais do exame físico, como piparote e semicírculos de Skoda, que apresentam sensibilidade bem inferior. Além disso, na ausência da macicez de flancos, a probabilidade do paciente apresentar ascite é de cerca de 10%. A ultrassonografia, por sua vez, é capaz de detectar líquido ascítico a partir da presença de 100 mL na cavidade abdominal, sendo, portanto, bem mais sensível. A punção do líquido ascítico é realizada por meio de punção na linha média ou na fossa ilíaca esquerda (no terço distal da linha que liga o umbigo à crista ilíaca anterossuperior). Quando a punção é realizada acima da linha média, é necessário esvaziar a bexiga antes de realizar o procedimento, que deve ser feito com rigorosa assepsia. Deve-se evitar a punção longe de cicatrizes cirúrgicas abdominais, para evitar perfuração de alças intestinais aderidas à cicatriz. O aspecto do líquido ascítico também é importante para o diagnóstico. Em pacientes cirróticos, ele pode variar desde líquido claro como água até francamente purulento, mas, no paciente com cirrose sem infecção secundária, o líquido costuma ser amarelo citrino.

    http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5464/ascite_no_paciente_cirrotico.htm

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  3. Na maior parte das vezes, a incapacidade dos vasos de manter os líquidos dentro de si ocorre por doenças que levam a pelo menos uma das 3 alterações citadas a seguir: elevação na pressão dentro dos vasos, geralmente por conta da obstrução do fluxo; Retenção de sal e água pelos rins; Diminuição na concentração de proteínas do sangue que ajudam a segurar água dentro dos vasos. No caso da cirrose hepática, esses três fatores estão presentes, complicando, ainda mais, a ascite. A paracentese, citada na postagem como uma forma de tratamento, ajuda na drenagem da ascite e na investigação diagnóstica, porém, não age na causa central da formação da ascite. Sendo assim, se nada mais for feito para controlar o acumulo de líquido intra-abdominal, a paracentese se torna apenas um procedimento paliativo, já que o líquido estará todo de volta em questão de dias ou semanas.
    Referência: http://www.mdsaude.com/2009/11/ascite.html

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  4. Complicações envolvem trombose da veia porta e trombose da veia esplênica: coagulação do sangue afeta a veia porta hepática ou varizes associadas à veia esplênica. Isso pode conduzir a hipertensão portal e redução do fluxo sanguíneo. Quando um paciente com cirrose hepática está a sofrendo de trombose, não é possível realizar um transplante de fígado, a menos que a trombose seja muito pequena. Em caso de trombose pequena, existem algumas chances de sobrevivência usando transplante hepático de doador falecido.
    Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Ascites

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  5. Cabe ressaltar que a ascite é um sintoma comum que podem abranger tem grandes tipos de doenças: a hepática, renal e cardiovascular. Por exemplo, em doenças renais o fígado pode estar sintetizando adequadamente proteínas plasmáticas, contudo o rim está eliminado em grandes quantidades essas proteínas, seja por lesão tubular, ou excesso de filtração glomerular. É importante deixar claro, que além do exame clínico é necessário realizar exames de sangue e de imagem (ultassonografia, tomografia, ressonância magnética). Outro recurso importante é a paracentese diagnóstica, ou seja, a retirada de pequena amostra do liquido ascítico através de punção direta por meio de uma agulha introduzida no abdômen. Como já citado pela Rairis o tratamento é feito por meio uso de diuréticos e a restrição de sal na dieta diária. Mas, talvez seja necessário também o uso de de antibióticos nos casos de infecção do líquido ascítico, uma complicação que pode ser grave e exige internação hospitalar durante o tratamento.
    Fonte: http://drauziovarella.com.br/letras/a/ascitebarriga-dagua/

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  6. Apesar de a causa principal serem doenças hepáticas, os sintomas da ascite abrangem várias regiões do peritoneo, como o rim. Sempre que aumenta a pressão em um vaso sanguíneo, o organismo passa a liberar substâncias que levam à dilatação do vaso, para controlar a pressão. Se a hipertensão for por algum distúrbio bem localizado, isso pode ser suficiente até que o problema esteja resolvido. Se for causado por excesso de líquido em todo o organismo, alivia o problema até que o mesmo seja eliminado.
    Na hipertensão portal, os vasodilatadores são liberados em todo o sistema porta, o que faz com que a quantidade de vasos dilatados seja muito grande e não estejam restritos apenas ao sistema porta (há uma vasodilatação em praticamente todo o organismo). No entanto, a quantidade de sangue é a mesma, o que faz com que, além de não resolver completamente o problema de hipertensão no sistema porta, a pressão sangüínea em todo o organismo esteja reduzida.
    No entanto, os rins interpretam a pressão baixa como sinal de que falta líquido no organismo, portanto passar a usar mecanismos (sistema renina-angiotensina-aldosterona) para absorver mais sal e água e tentar elevar a pressão. O resultado disso é que a água e o sal extras, pelos mecanismos descritos anteriormente, vão aumentar ainda mais a ascite.

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  7. Muito esclarecedor! A ascite em si é uma doença que assusta o infectado por seu silencio e velocidade mas apesar de tenebrosa o tratamento simples e eficaz é consolador e consiste na introdução de medidas paliativas com o objetivo de remover o líquido que se depositou na cavidade peritoneal e controlar sua produção e extravasamento. Entre elas, podemos destacar o uso de diuréticos, a restrição de sal na dieta diária, a interrupção do consumo de bebidas alcoólicas e a administração de albumina, como já citado anteriormente.
    A prescrição de antibióticos torna-se necessária nos casos de infecção do líquido ascítico (peritonite bacteriana espontânea), uma complicação que pode ser grave e exige internação hospitalar durante o tratamento.
    A paracentese abdominal é um recurso terapêutico alternativo para a retirada de líquido por punção. Ela é indicada quando as outras formas de tratamento não surtiram o efeito desejado, ou para aliviar os sintomas. O ideal, porém, é que o tratamento da ascite esteja sempre voltado para o controle da enfermidade responsável pelo distúrbio.
    Não há como prevenir o aparecimento da ascite, uma vez que ela surge como consequência de uma enfermidade previamente instalada. O que se pode fazer é evitar o contato com essas doenças ou, então, adotar medidas para evitar o agravamento do quadro de ascite. Por isso, é sempre importante: não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas; Vacinar-se contra as hepatites A e B; Certificar-se de que o sangue das transfusões foi rigorosamente analisado; Manter a restrição de sal, quando indicada; Jamais entrar em contato com a água de rios, córregos, represas ou de enxurradas. Ela pode estar contaminada pelas larvas transmissoras da esquistossomose, que se alojam em caramujos para dar continuidade a seu ciclo evolutivo.
    Fonte: http://drauziovarella.com.br/letras/a/ascitebarriga-dagua/

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  8. A ascite em decorrência da cirrose ocorre principalmente pela diminuição da produção de proteínas plasmáticas, provocando a diminuição da pressão oncótica que mantém o plasma nos vasos, combinado com o aumento da pressão na veia porta, o que contribui para o aumento dos poros entre as células da parede dos vasos, como foi exposto na postagem. Esse aumento na pressão portal ocorre por causa da fibrose das células hepáticas lesionadas, o que faz aumentar o seu volume e de forma rígida comprimindo a veia porta cada vez mais com o aumento da lesão. Esse aumento de pressão é explicado pela lei de Ohm, onde o aumento da resistencia provoca o aumento da pressão. Quanto a diminuição da pressão oncótica, a absorção de líquido pelo sistema linfático não aumenta significativamente quando o plasma extravasa para o meio intersticial, não havendo drenagem suficiente do líquido que se acumula na cavidade peritonial. Outro fator importante na ascite é a retenção de sódio que é provocada como reação do organismo ao aumento de pressão nos vasos e, com isso, o corpo retém ainda mais líquidos.

    Fonte:
    http://revista.fmrp.usp.br/2004/vol37n3e4/7hipertensao.pdf

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