Quanto à indicação, o transplante destina-se para o paciente portador de doença hepática aguda ou crônica em fase terminal. Existem algumas doenças nas quais as indicações são tranqüilas e aceitas de forma unânime. São aquelas que apresentam uma evolução conhecida, definida, e que têm pequena probabilidade de recidivar no fígado transplantado. As principais doenças com esse tipo de indicação são a cirrose biliar primária, a colangite esclerosante primária, a atresia de vias biliares, a hepatite crônica auto-imune e a insuficiência hepática aguda grave, também chamada de "hepatite fulminante". Evidentemente, em cada uma delas, existe um momento certo para o transplante, de forma a não indicá-lo muito precocemente, quando o paciente pode apresentar ainda mais alguns anos de vida produtiva, e também não indicá-lo muito tardiamente, quando as condições gerais do paciente estarão deterioradas e o resultado do procedimento não será tão satisfatório.
Vale lembrar que o transplante de fígado produz, com freqüência, rejeição. Discute-se a existência da rejeição chamada de superaguda, de natureza humoral. A rejeição chamada de celular aguda é verificada em 30% a 70% dos casos, especialmente nas primeiras duas semanas após o transplante, mas pode ocorrer em qualquer época após o procedimento. Há, ainda, a chamada rejeição crônica, provavelmente de natureza humoral. A grande dificuldade é manusear adequadamente os diversos esquemas conhecidos de imunossupressão para evitar as rejeições. Há padronizações, porém, que estão longe de acompanhar aquelas do ato operatório. A imunossupressão medicamentosa é obrigatória em todos os casos, mesmo naqueles em que já estão com a imunidade gravemente comprometida pela doença hepática. Aqui reside toda a dificuldade. A imunossupressão medicamentosa não pode ser excessiva a ponto de produzir infecções, nem ser leve o suficiente para permitir rejeições que, por sua vez, obriguem à utilização de drogas mais potentes. Esse equilíbrio é difícil de ser encontrado, pois são diferentes os pacientes, a idade, a condição clínica, a doença hepática, etc. Além disso, as drogas utilizadas são altamente tóxicas e produzem efeitos indesejáveis de monta em praticamente todos os casos.
De qualquer modo, o melhor a fazer para não desenvolver cirrose hepática é sempre evitar os fatores que podem desencadeá-la como: evitar o uso abusivo de álcool, usar preservativo nas relações sexuais e seringas descartáveis para evitar a contaminação pelos vírus das hepatites B e C, não descuide do tratamento para as hepatites B e C crônicas a fim de que não provoquem cirrose, procure vacinar-se contra hepatite B para evitar o risco de contrair essa doença. Principalmente se você tiver algum fator de risco como algumas doenças genéticas (por exemplo, Doença de Wilson), hepatite auto-imune ou cirrose biliar primária.
Com isso a gente encerra aqui o nosso blog, espero que ele tenha ajudado você a compreender melhor melhor o cotidiano de muitos brasileiros que tentam lidar com a doença. Meu objetivo não foi só trazer conhecimento técnico aos profissionais de saúde a cerca da cirrose, mas também fazê-los refletir sobre a necessidade de fazer um atendimento humanizado a esse tipo de paciente, que já se encontram bastante fragilizados e que não tem um chance de cura ceta. Espero ter atingido esse objetivo. Até próximo período!
Referência:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42301998000200011%27%27&script=sci_arttext
drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/alcoolismo/cirrose/
http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/363564/cirrose+hepatica+definicao+causas+sintomas+diagnostico+tratamento+e+evolucao.htm